quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Esmeralda - Capítulo 2

- As moedas não vão durar por muito mais, Ricardo, precisamos fazer alguma coisa. - Isabela, mãe de Esmeralda dizia para seu marido - Você é muito bom no que faz, meu querido, mas não está sendo o suficiente e eu não sei se poderemos sobreviver muito mais com o que temos.
- Meu amor, daremos um jeito. Sempre demos.
- Mas e se não dermos? E se chegarmos a passar fome? - dizia aflita, quase ao ponto de chorar - Esmeralda é tão bonita. Tenho certeza de que consegue arranjar um bom partido, um bom moço que possa nos ajudar...
- Nós não vamos vender nossa filha, Isabela. - Ricardo cortou a esposa - Eu posso pedir ajuda a alguns amigos e começar consertando alguns móveis... Vamos conseguir, eu prometo. - afagou os ombros da esposa, passando-lhe conforto.

Mal sabia eles que Esmeralda ouvia tudo o que se passava, de um canto no outro cômodo. Sem fazer um ruído sequer, ela se retirou para seu quarto e lá ficou repassando a conversa na sua cabeça. Seria tão ruim assim se casar? Era por uma boa causa, não? Seus pais precisavam de ajuda. Resolveu ir para os fundos da casa e lá ficou, olhando o céu estrelado, cantarolando baixinho, perdida nos pensamentos.
- Sempre amei sua voz. - ela olhou para trás e viu que seu pai vinha ao seu encontro e se sentou ao lado, abraçando-a - Minha linda filha.
- Me proteges como se eu fosse de cristal, uma pedra preciosa.
- Mas você é. Minha preciosidade.
- Pai, e se eu tiver de me casar com um moço rico? Você e a mamãe precisam de ajuda. - disse, de repente, pegando Ricardo de surpresa - Ouvi o que vocês conversavam.
- Não vamos pensar nisso agora, está bem? O que você estava... - parou sua fala ao ouvir que batiam à porta.

Esmeralda e o pai se retiraram para dentro de casa onde ouviram Isabela reclamar com um homem, um rapaz, à porta.
- Fique aqui, filha. - ordenou Ricardo.

Ele foi até o rapaz, que insistia em vão com Isabela, para falar com o marceneiro, pedindo seus serviços. Mas, mesmo que fosse tarde, o senhor foi atender o rapaz, que explicou sua situação e Ricardo concordou em ajudar assim que o sol surgisse no dia seguinte. Esmeralda, curiosa, se esgueirou pela janela e viu, do lado de fora o rapaz que encontrara admirando-a no festejo enquanto dançava. Ele devolveu o olhar imediatamente.
Luciano simplesmente não podia acreditar, havia reencontrado a moça. A moça do festejo. Esmeralda. Os dois se encararam por uns segundos, ele estava estático, lembrando do modo como se movimentava. E ela, bem... Sentia como se o olhar dele pudesse desnudá-la, olhar dentro de sua alma e conhecer seus segredos mais profundos, e mesmo assim, continuar admirado. Não gostava da sensação, se sentia vulnerável, frágil, pensar que só olhando-a assim ela já era capaz de sentir um calor subir ao peito. Mal ela sabia que era o modo como ele se sentia também, mas ao contrário dela, não tinha medo disso, só fazia querer mais.
- Já está na hora de ir embora, rapaz. - Ricardo disse, percebendo os olhares direcionados à sua filha - Eu procuro você pela manhã.
- Sim, sim! - Luciano respondeu, franzindo o cenho, respirando fundo ao tentar se recuperar - É claro! - retirou sua boina como cumprimento e, olhando para o artesão e sua filha, despediu-se - Boa noite.

Ricardo voltou para dentro e retirou Esmeralda da janela.
- Você o conhece? - perguntou.
- Não, papai.
- Hum... Não seria bom se manter perto, ok? Sua mãe não iria gostar.
- Sim, senhor.

Ele deu um beijo na testa da filha e se retirou para dormir. Enquanto isso, Esmeralda ficava pensando no modo como aquele rapaz a encarava, e na tentadora possibilidade de vê-lo novamente.

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