quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

We are the last - capítulo 2


       "Às vezes, tudo o que uma pessoa precisa é de um abraço e que alguém diga que tudo vai ficar bem!"

Retirei a minha carteira do bolso pra pagar a mercadoria no caixa do supermercado quando ouvi um cantar de pneus da rua soar muito alto. Era de um carro que virara violentamente a esquina. Fiz uma careta, repreendendo o possível motorista mentalmente enquanto entregava o dinheiro para a moça do caixa e outro funcionário botava minhas compras em sacolas arrumadas.
- Barbeiros. - a moça disse e, automaticamente, minha atenção se voltou para ela - Eles acham que só porque é uma cidade pequena podem fazer o que quiserem!
- Eles não são daqui? - perguntei.
- Não. - ela balançou a cabeça - Gente daqui aprende a respeitar e esses daí nunca vão aprender. Provavelmente estão de férias! - deu de ombros.
- Hum. - olhei novamente para o carro e o motorista louco sorria igual a um psicopata ao volante e, por uma fração de segundo, eu pensei, que nossos olhos se encontraram e ele me desafiava.

Peguei minhas sacolas e saí do estabelecimento, as pus no banco do carona de minha picape antiga e dei a volta para entrar no banco do motorista, mas antes que eu o fizesse outro carro fez a curva na esquina e no instante seguinte, um corpo de uma criança sacou do carro em cima de mim com muita força, mas não me fez cair, eu apenas cambaleei. Segurei a menina em meus braços e a observei. Ela estava toda suja e suas roupas estavam rasgadas, ela desmaiou pelo impacto com meu corpo duro, mas eu rezei para que não estivesse morta.
- Ei, vocês esqueceram a menina! - tentei gritar para que recuassem, mas ninguém pareceu ouvir. Respirei fundo e a olhei novamente. O jeito era levá-la pra casa e cuidá-la até que alguém resolvesse aparecer.

Depois de deixar a garota dormindo desmaiada no sofá e ter guardado todas a comida que comprei no armário eu voltei pra sala e olhei novamente menina. Finalmente, me passou pela cabeça a ideia de usar minha visão raio-x pra ver se havia algo quebrado nela e, após dois minutos avaliando, constatei que era apenas perda de consciência temporária, seu coração ainda batia em perfeitas condições.
Fiquei esperando, sentado na poltrona, até que enfim ela acordou. Piscando os olhos, atordoada, ela se sentou subitamente, assustada.
- Onde eu estou? - perguntou - Quem é você?
- Calma. - eu disse, levantando as mãos - Meu nome é John, trouxe você pra cá depois de ter caído da caminhonete. Se lembra do porquê de estar lá?
- Ah, eu... - ela gaguejou e eu estreitei os olhos - Peguei uma carona com aqueles caras! - pôs uma mecha de cabelo atrás da orelha.
- Você estava escondida, não é? - ela me encarou, envergonhada.
- Tá tão na cara assim?

Não respondi.
- O que estava fazendo lá?
- Não é da sua conta, me larga na rua e eu dou o fora daqui! - disse se levantando do sofá e indo até a porta da sala.

- Ei, espera! - fui até ela e a segurei pelo braço - Não vou deixar que saia por aí sozinha nas condições em que está.
- Por que se importa?
- Porque é óbvio que você não tem a menor ideia de pra onde ir e seria estúpido deixar que uma garotinha ande por aí sozinha.
- Não sou uma garotinha. - ela cruzou os braços.
- Quantos anos você tem?
- Eu... Eu... Eu não sei.
- Bom, - tirei o casaco que estava pendendo de seus braços e o coloquei sobre o encosto da poltrona - pra mim, você parece ter 13, então é uma garotinha! - sorri - Senta aí. - apontei o sofá pra ela e caminhei na direção da cozinha - Quer alguma coisa? Café, achocolatado, Toddynho?

Ela me encarou séria da sala e eu ri.
- Então, - tentei puxar assunto - qual é o seu nome?
- Eu gosto de ser chamada de Damara, mas... Meu nome verdadeiro é um buraco na minha memória.

Franzi o cenho enquanto misturava os ingredientes do achocolatado.
- Como assim não se lembra?
- Um dia eu acordei em um beco sozinha e zonza. Isso tem... - ela mexeu alguns dedos, contando - Oito dias. Desde então venho tentando achar o caminho de casa, me virando... - passou uma mão, coçando os olhos com um pedaço da manga longa da blusa cobrindo parte dela.
- Eu gosto que me chamem de John. - ofereci um copo a ela e sorri, me sentando na poltrona enquanto ela se encolhia no sofá com a caneca quente.



Lindas, muito obrigada pelas felicitações de aniversário para minha mãe! :D
Alguma de vocês já leu A Seleção? Eu comecei a ler ontem e to quase na metade, queria saber se vale à pena ir até o final! ://
Enfim, por hoje é isso!
Beijos
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Um comentário:

  1. Que perfeito <3
    Super ansiosa para saber mais...
    Nunca li esse livro não..
    Enfim...
    Posta logoo
    Beijos

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 renata massa