domingo, 23 de fevereiro de 2014

We are the last - capítulo 5


                                   "Você não pode ficar em cima do muro, decida de que lado está!"

Ajeitei a gravata pela última vez antes de sair pela sala e encontrar Damara no sofá. Pensei muito sobre o tal ferimento em minha barriga e como ele surgira em mim na mesma época que minha querida hóspede apareceu, mentalmente comecei a ligá-la a ele, como se de alguma forma ela estivesse me enfraquecendo. Mas não sei o porquê. E sem provas ou fundamentos o suficiente para sustentar minha ideia eu decidi apenas mantê-la comigo, não seria justo acusá-la à toa, se ainda existia a possibilidade de ela não ter nada a ver com isso.
- Ual! - Damara exclamou, ajeitando seu casaco.
- To tão bem assim?
- Não, é que eu to sentindo o cheiro desse troço esquisito que me dá a sensação que você é... Jovem. Como se chama?
- Perfume? - indaguei.
- É isso! Obrigada pelas roupas, John, não devia ter se incomodado comigo! - durante aquela tarde, nós fomos até a cidade para comprar algumas peças, já que Damara não se lembrava da família e sua roupa do corpo já estava amarrotada o suficiente pra ser jogada no lixo. Eu não saberia quanto tempo ela ficaria na minha casa, então o melhor era me prevenir.
- De nada. Você precisa! - dei de ombros - Você vai comigo!

Balões coloridos estavam espalhados por todos os cantos do teto da casa de Mary. A cada consistia em três andares, e, depois da casa do prefeito, a dela era a mais bonita em Smallville. Com portas e janelas corredeiras de vidro, vasos altos com palmeiras em cada extremidade na frente, a decoração consistia em enfeites roxos pendurados pelas paredes, destacando tal cor. Os convidados, cada um com uma bebida na mão, se espalhavam, ao mesmo tempo que eram amontoados, pelo pouco espaço pra muita gente. Todos
conversavam. E eu me senti um pouco deslocado logo de cara, pois a única pessoa que eu conhecia ali era Damara e até ela, com seu casaco desbotado, botas de couro pretas, calças jeans pretas e camiseta longa se sentia um pouco fora de contexto naquele lugar. Mas também estava admirada com a decoração. Parecia coisa que só eram possíveis com gente com um pouco mais de dinheiro. A dona da casa, pelo o que eu sabia, morava sozinha e seu pai não podia estar em casa, já que vivia viajando.
Finalmente, Mary apareceu com um sorriso alegre ao nos ver, cabelo preso em um rabo-de-cavalo, uma blusa simples e uma calça preta e botas, nos deu um copo para cada um, já preenchido. Com receio, logo impedi Damara de beber do seu, pois ela era menor de idade.
- Não se preocupe. - Mary disse - É refrigerante, ela vai ficar bem. Pode beber. - disse a Damara que obedeceu, derramando o líquido goela abaixo e sorrindo pra mim sarcasticamente - É sua filha?
- Não, Damara é... - encarei a garota os olhos estreitos e lábios espremidos sem uma resposta adequada - Minha sobrinha que... Veio passar uns tempos comigo!
- Ah... Muito prazer! - estendeu sua mão à outra que apertou - Então, você veio! - me olhou outra vez.
- Pois é. - respondi - É a primeira vez em anos que eu abro uma exceção para eventos em Smallville.
- Fico feliz por te ter feito sair de casa.

Não soube direito como encarar essa frase. Seria uma insinuação dela? Ou apenas uma declaração amiga por ter me feito socializar ao menos uma vez?
- Bem... Obrigado. - foi só o que consegui pensar em dizer, esboçando o melhor sorriso que pude.
- Legal. - ela disse - Er... Quer dar uma volta?
- Ah, claro. Vamos, Damara! - chamei, mas ela parecia já ter conseguido companhia sem eu nem perceber. Voltei os olhos para Mary - Parece que somos só nós dois. - ela
sorriu.

Havia uma sacada no segundo andar da casa dela. Nós fomos até lá, onde a área não parecia tão cheia quanto o primeiro, ainda mais por ser a área dos quartos, porém uma pequena sala servia de mais espaço para que o primeiro andar não lotasse totalmente como estava prestes a acontecer. As luzes eram florescentes, a pintura das paredes eram amarelas e o piso era branco. As grades da sacada estavam em perfeitas condições, a pintura dava a impressão de serem de prata e o cheiro me deu a certeza de
que havia sido reformada recentemente.
Nos apoiamos lá, cada um em uma extremidade oposta, com a vista do jardim ao nosso lado direito. As petúnias e girassóis eram alinhados em círculos, e flores de outras espécies se encontravam em vasos distintos, se misturando uns aos outros, formando uma mistura de cores bem organizadas. Sorri, sabendo que o trabalho fora bem feito.
- Meu pai sempre gosta de vir aqui e ficar nesse jardim. - Marry quebrou o silêncio e eu a olhei - Ele diz que você fez um ótimo trabalho de paisagismo. Eu também acho!
- Obrigado. - bebi um gole do meu copo e apontei pras flores - Não foi nada fácil.
- Mas valeu à pena. - sorriu gentilmente.

Escondi a decepção nos meus olhos. Mary era uma garota legal, seus olhos azuis passavam a sensação de tranquilidade, mas eu não queria me envolver. Com ninguém.
Sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria descobrir meu segredo e o que eu menos queria era que quem eu gosto, seja ela quem fosse, me encarasse com pavor, assustada por não saber o que eu sou.
- A festa tá muito boa! - eu disse. Ela deu de ombros.
- A cidade merece. Fora que, além da casa do prefeito, eu fui a única que resolvi fazer algo sobre.
- E parece que a cidade inteira está aqui. - ela riu - E todos estão aproveitando.
- Todos menos você! - a encarei, o meu sorriso havia sumido - O que houve, John?

Suspirei. Mary era uma boa pessoa e talvez pudesse ajudar de alguma forma.
- Você já se sentiu presa?
- O quê? Como assim? - Mary me encarou, confusa. Não a culpo.
- Presa. - repeti - A algo que você não pode revelar e que decide quem você é ou o que será?
- Ah, já entendi!
- Já? - franzi o cenho.
- Claro. Você ainda gosta da sua ex-namorada, não é? - mesmo com essa frase saindo de seus lábios ela mantinha sua expressão de compreensão no rosto. Arregalei os olhos.
- O quê? Não. - ri - Se fosse isso, pelo menos eu teria uma escolha... - sussurrei.

Mary respirou fundo, como se minha nota baixa na voz fosse o suficiente pra ela sentir minha angústia.
- Todos temos uma escolha. - ela tocou meu ombro - E você pode fazer a sua quando estiver pronto.
- E se eu não souber o que escolher?
- Bom... Então terá de descobrir. E eu estarei lá pra te ver bem outra vez. Eu prometo!

Ri levemente ao escutar uma promessa que talvez nem se cumpra, pois ela pode nem estar viva quando isso acontecer. Quer dizer, se acontecer.
Ela deslizou sua mão por meu pescoço, segurando minha nuca, causando-me arrepios. Eu suspirei, enquanto a assistia levantar os pés e aproximar os lábios dos meus.
Fechei os olhos, esperando o contato.
Um impacto enorme no andar de baixo nos interrompeu. Ambos viramos as cabeças, assustados ao ouvir o grito de algumas pessoas. Mary e eu descemos rapidamente e nos deparamos com dois homens altos e fortes, cujos olhos brilhavam vermelhos. Passei a visão pelo local e vi Damara encolhida na parede próxima, todos os outros convidados foram embora pelo susto, pois os homens invasores haviam derrubado a parede da frente e os escombros se resumiam em barro e pedras espalhados pela sala.
Um pouco de poeira estava pairando no ar e eles pareciam furiosos, procurando por algo em particular.
- Davi! - eles rugiram. E ninguém respondeu.
- Viemos buscá-lo, filho de Hélen. - um deles que vestia camisa azuil completou, tentando falhamente soar amigável.
- Não há ninguém aqui com esse nome. - Mary falou - Saiam daqui!
- Ah não, doçura. - o cara que vestia uma camisa preta avançou até nós e a levantou pelo pescoço - Não vamos sair daqui até encontrar esse sujeito. - então apertou a garganta dela com o polegar, que engasgou - Ah... Posso sentir seu coração batendo rápido...
- Solta ela! - ordenei.
- Hey, Matt! - o cara da camisa azul chamou e o outro olhou, sem soltar o pescoço de Mary e eu fiquei mais nervoso ainda quando percebi que este segurava o pescoço de Damara contra a parede - Olha o que eu encontrei. A pele dela é dura, como a nossa!
- O quê? - o outro se espantou e foi ao encontro do de camisa azul, finalmente jogando Mary no chão, que começou a torcir e massagear a garganta pra normalizar a respiração. Me ajoelhei perto dela e segurei seus braços.
- Você tá bem? - perguntei. Ela assentiu.
- O que vocês querem? - Damara lutou para juntar forças para formar essa frase.
- Queremos apenas seu aliado, doçura. - o cara de camisa preta respondeu - Ah, entendemos... Você é uma viajante!
- John, faça alguma coisa! - Mary implorou.
- Larguem ela! - rugi, mas eles pareceram não me escutar.
- Eles vão matá-la. - pude sentir o desespero na voz de Mary e não estava muito diferente comigo.
- Ah, não vão mesmo! - Damara disse, a raiva brotando de sua voz.

Então eu assisti o que achava ser impossível. Os olhos de Damara começaram a ficar em um tom vermelho, como se estivessem pegando fogo, somente para logo depois ela disparar laser deles como raios em direção ao cara que a segurava pelo pescoço, lançando-o contra a outra parede, quebrando-a também. Ela encarou o outro sujeito e fez o mesmo com este.
Mary e eu a olhamos com espanto, respirando ofegante. Damara encarou de volta, mas ela parecia tranquila, como se já tivesse feito aquilo um milhão de vezes.
- Ah, John, não me olhe como se você também não fizesse isso sempre.

Era verdade. Mas mesmo assim, era assustador e ao mesmo tempo surpreendente encontrar outros como eu.
- Você faz? - Mary me perguntou. Não consegui responder de imediato e gaguejei.
- É uma longa história.

Damara riu sem humor.
- Se você ao menos soubesse como contá-la.

A encarei.
- E você sabe?
- Não temos tempo pra isso, vamos. Esses dois não vão demorar acordar. Temos que sair daqui antes que eles chamem reforços e descubram onde você se escondeu todos esses
anos!


Eu realmente me orgulho muito desse capítulo, porque depois de ter lido 4 livros em uma semana(A seleção, A elite, Fallen e Aculpa é das estrelas, esse último ainda to na metade :D) eu resolvi enriquecer minha forma de narração, e acho que consegui, o que vocês acham? Desculpem mais uma vez a demora, minha mãe viajou e eu fiquei sem net na casa do meu pai! Beijos!
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trailer da fic aqui

4 comentários:

  1. Oi minha flor do cerrado.
    Que capítulo mais perfeito....adorei tudo
    Super curiosa para saber mais...
    Fallen <3 <3 <3
    Posta logo
    Beijos

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    1. Oi minha linda.
      own, obrigada, que bom que você gostou! :))
      eu amei esse livro e to tentando arrumar tempo pra ler a continuação agora que as aulas começaram! :)
      postado beijos

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  2. Hoyy!
    Amei o capítulo!
    Gente! A Damara não é a "inocente" da história! OMG! Ok, eu to usando exclamações de mais.
    Fiquei chocada agora, sério. Meu mundo virou de cabeça para baixo e a culpa disso é sua Dona Thalya (Exagerada, eu? Magina! )
    Notei a narrativa diferente mesmo, gostei.
    Posta logo amore o/
    Beijos!

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    1. Obrigada, flor!
      Ela ainda tem muuuiittaaa coisa pra contar! ;)
      kkkk você ainda vai ficar pior kkkk
      eu to tentando melhorar, valeu, flor!*--*
      postadooo beijos kkk

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 renata massa