sexta-feira, 25 de abril de 2014

Capítulo 1


Seattle, dias atuais.

A Senhorita Petterman cuspiu seu chiclete da boca pela janela do ônibus quando finalmente chegamos ao museu de História das artes no centro da cidade. Eu não fiz cara de nojo, nem nada, estava acostumada a assistir cenas como essa em Line High School. Não se engane, apesar do nome patético soar calmo e tranquilo, o lugar é quase como um hospício, só que sem os remédios e o tratamento mental. Os alunos de lá, em sua maioria, são filhos de pais drogados ou alcoólatras que não tem condições pra pagar algo melhor para eles, quanto ao resto... Bem, são como eu, adolescentes mandados pra lá pra "aprender uma lição", embora eu acho que arruinar a traseira do carro não seja motivo o suficiente pra te tirar de uma escola boa e colocar em meio a um bando de retardados, provavelmente arruinando todo futuro do seu filho, com a reputação afundando junto.
Tentei me encolher mais um pouco contra a janela, somente pra não encostar na garota sentada ao meu lado. Julie Edwards, de 16 anos pesava mais que o ônibus inteiro junto, seus olhos, apesar de azuis, pareciam te desafiar a ser ousado o suficiente pra encará-la. Seu rosto tinha pelo menos três pinrcies: um na sobrancelha, um no lábio inferior e outro no nariz, eu não sabia se existia outro pendurado na língua, mas também não queria saber. Ela é como a versão feminina de um verdadeiro valentão, mas na verdade só mexe com você se caso se meter em seu caminho e era o que eu evitava sempre. Sua roupa se resumia a couro e jeans rasgado: uma blusa, jaqueta e saia. Ah, e uma corrente pendurada na cintura que envolvia a saia.
Ela me encarou por um segundo, duvidando que eu fosse fazer algum contato, mas logo desviou o olhar para a Senhorita Petterman. Pouco depois estávamos todos em frente ao museu, prestes a entrar quando a professora de artes começou a citar as regras.
- Nada de se separar do grupo durante a visita, eu sou apenas uma e não quero perder um de vocês aqui.
- Estamos só a três quarteirões da LHS! - um garoto ainda encostado no ônibus disse. Ele tinha razão. Nossa escola era precária até no corpo docente, admito, mas o museu era aberto publicamente às terças, ou seja, as entradas eram de graça. Sem contar que, se qualquer um quisesse sair daquele tedioso passeio era só dobrar a esquina e seguir adiante por mais duas quadras. Não era difícil, então o único preço a ser pago seria o da gasolina gasta até lá.
- Nada de roubar, pichar, furtar ou pegar emprestado qualquer objeto da exposição de hoje. - a Senhora Petterman continuou, parecendo não dar importância ao que o outro disse - E nada de quebrar também, ouviu, Senhorita Dale? - dei um sorrisinho sarcástico pra ela e um aceno militar com dois dedos - Ótimo. Bem - forçou um sorriso - aproveitem a visita. Vocês tem duas horas e amanhã e eu quero um relatório sobre o que conseguiram memorizar na minha mesa. Vamos!

A porta de vidro corredeira e automática se abriu e, mesmo com um prédio enorme, a passagem era estreita, então meio que fizemos fila indiana pra entrar. O museu em si não era grande coisa, pinturas abstratas e coerentes, esculturas, a maioria humanas, ou pelo menos, parte delas. E em cada obra havia uma placa com o nome do artista e o seu título. A professora foi nos levando, por cada uma das obras e explicando minuciosamente o seu significado, história, inspiração ou algo assim. Não prestei atenção,
estava começando a me dar sono. Me abracei, tentando falhamente diminuir o frio que se assolava pelo estabelecimento, com certeza causado pelo ar condicionando funcionando ao máximo. Minha jaqueta jeans parecia ser tão fina e de algodão agora, a umidade do lado de fora era mais interessante que isso.
- Tá com frio? - uma voz masculina perguntou no meu ouvido. Eu direcionei o olhar de um quadro que eu observava, afastada da turma, para ele.
- Um pouco. - respondi, voltando a encarar a pintura abstrata da qual eu não conseguia entender do que se tratava.

Ele soltou uma risadinha leve, do tipo que se dá sem abrir a boca, apenas levantando os cantos. Olhei de relance e percebi covinhas nas bochechas, o cabelo cor de mel reluzia sob a luz fluorescente do museu, os olhos eram de um castanho tão claros que se eu não tivesse olhando antes, pensaria que era verde.
- Hum. - eu disse.

Ficamos em silêncio pelos minutos que se seguiram, um silêncio bem tenso pra mim, já que a única amiga que eu tenho não veio à escola hoje e a risadinha que ele dera agora pouco sugerira que ele tinha algumas segundas intenções, ou talvez seja só minha imaginação, porém o fato de não saber estava me matando.
- Vem cá, você - comecei, gaguejando um pouco - vai ficar aí ou... Sei lá, fazer alguma coisa mais interessante do que ficar parado do meu lado sem dizer nada?
- Tem alguma coisa mais interessante que isso? - ele devolveu com um sorriso de curiosidade que me irritou.
- Você só pode estar brincando.
- Não, Ammy. Só estou aproveitando o prazer da sua companhia.

Eu riria ironicamente se uma suspeita não tivesse despertado em mim quando ele disse isso. Me virei pra ele.
- Como sabe o meu nome? - o encarei.

A expressão dele ficou séria enquanto devolvia a atenção, desviou a atenção por um instante para algo atrás de mim que deveria estar no quadro que eu olhara agora pouco ou perto disso, e depois seu rosto foi tomado pelo pânico.
- O que foi? - perguntei, assustada e olhei pra trás, mas não vi nada. Ele olhou pra mim e me envolveu com seus braços de forma protetora, me forçando a ficar abaixada. Não entendi direito e fiquei tentando me libertar, mas ele era muito forte.

Ouvi uma explosão e gritei. Cacos de vidro foram espalhados pra todos os lados, e chamas não muito altas espocaram o ar como se berrassem. Eu não sabia de onde a explosão viera, mas fiquei imediatamente apavorada. O cara finalmente nos ergueu e nós observamos ao redor, o estrago não havia sido grande, porém algumas pessoas próximas ao impacto desmaiaram, com certeza não havia munição o suficiente. A turma da LHS corria desesperada pela porta destroçada de vidro, meu coração começou a acelerar, o suor escorrendo e as minhas pernas começaram a tremer. Engoli em seco.
- Como sabia que isso iria acontecer? - perguntei.

Ele me encarou, assustado também, mas não respondeu, só me empurrou rapidamente na direção da saída. Mesmo quando estávamos do lado de fora ele continuou puxando minha mão pra longe.
- O que está fazendo? Pra onde está me levando?
- Abaixa! - ele gritou e outra explosão veio, maior que anterior, dessa vez derrubando todo o prédio. Pus as mãos na boca ao ver a cena do museu em chamas, apenas pensando nas pessoas que estavam desmaiadas no chão e que não conseguiram sair.
- Bredly, Jennifer, Mason, Alison... - a senhora Petterman estava chamando os seus 27 alunos, nome por nome, checando se estavam todos bem.
- Alison não veio hoje. - eu disse. Ela era minha melhor amiga.
- Ah, Ammy. Sorte a dela! - Petterman respondeu - A polícia logo vai chegar com a ambulância e... - não ouvi o resto. Quando a palavra "sorte" passou por meus ouvidos, eu lembrei de algo. Virei o rosto para o garoto que salvara minha vida, pra tentar descobrir como sabia, se ele estava bem e principalmente agradecer pelo o que tinha feito.

Mas ele não estava lá.
Respirando ofegante eu procurei por todos os lados, mas ele havia simplesmente desaparecido.

Oi, meus amores da minha vida, como vocês estão? Eu to bem, muito obrigada! (ninguém te perguntou, Pietra! ¬¬)
kkkk Meninas, eu não sei qual é a data exatamente, mas estamos próximos ao dia em que eu completo três anos na blogsfera! \o/ Tanto tempo perturbando vocês kkkkk fiz um vídeo pra comemorar, sem música e irei publicar aqui nesse final de semana, ok? Beijos :))
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2 comentários:

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 renata massa