domingo, 27 de abril de 2014

Capítulo 2


- Filha, você está bem? Eu fiquei tão preocupada com você! - minha mãe disse quando me encontrou sentada na maca do hospital enquanto uma enfermeira media a minha pressão. Ela segurou meu rosto e observou, em busca de ferimentos e respirando ofegante.
- Eu estou bem, mãe, não foi nada.
- Não foi nada?! Ammy, o museu explodiu, você podia ter... Ai meu Deus! - ela pôs a mão na boca pra impedir algumas lágrimas engasgadas.
- Mãe! - eu entendia a sua preocupação, mas ela devia estar aliviada por eu estar inteira, não é? E não em pedaços como as pessoas que morreram - Eu estou bem! - repeti.

Ela suspirou e segurou meu rosto entre as mãos outra vez. A enfermeira anotou algo em uma prancheta.
- Está tudo bem com ela, senhora. - informou à minha mãe - Se quiser, já pode ir pra casa. - sorriu e se distanciou.
- Vamos. - minha mãe disse e pegou minha jaqueta de cima da maca. Caminhamos pelo corredor do hospital e seguimos pelo estacionamento, o Mustang antigo azul da minha mãe nos esperava. Entramos e ela deu a partida.

Minha família, os Dale, não são uns dos mais ricos da cidade, mas as nossas condições financeiras também não era das piores. Meu pai é dono de algumas lojas de Fast Food e minha mãe está desempregada há um tempo, mas ela dá aulas de piano no verão. Nossa casa, na verdade, é um apartamento de dois quartos que fica perto da praia.
Eu sempre vou lá pra esfriar a cabeça, é bom pra pensar, pensei em ir lá depois que chegasse em casa e bebesse água pra aliviar o coração da minha mãe quando meu celular  tocou. Era Alison.
- Você está bem? Quebrou um osso? Ganhou um corte? Por favor, diz alguma coisa!
- Ali, a minha mãe já fez esse papel hoje. - respondi.
- Tá legal, desculpa. Mas como foi? Quer dizer, você está inteira, não é? Como conseguiu escapar?

Lembrei do meu estranho salvador, seu olhos castanhos incrivelmente claros, o cabelo de mel e a risadinha travessa. Como ele sabia meu nome? Como sabia que o museu explodiria? E, mais importante, por que escolhera ME salvar?
Sorri comigo mesma.
- Tive sorte.
- Ah, tá. - Alison respondeu, irônica - Sorte tem o meu gato caolho.

Eu ri.
À noite, Alison foi me visitar em casa e nós fomos juntas caminhar na praia, o sol estava quase se pondo, sua luz fazendo um misto de cores quentes e frias pelo céu em meio às nuvens, a areia não estava nem quente nem fria e a brisa do mar era tão acolhedora que eu poderia me deitar ali e simplesmente cair no sono. Perfeito pra acalmar os nervos depois de quase morrer. Não haviam muitas pessoas no local, apenas alguns vendedores de sorvete, picolé que ainda faziam ronda, procurando pelos últimos centavos possíveis de conseguir naquele dia, os donos dos bares que começavam seu turno à noite tocando músicas populares e poucas pessoas realmente passeando na praia, aproveitando.
Me sentei, com o cobertor de algodão branco cobrindo meus ombros, pois eu havia me livrado da jaqueta, o cobertor era bem mais macio e eu não ligava pro que iriam dizer. Alison sentou do meu lado, ela usava uma calça jeans, blusa azul debaixo de uma jaqueta preta. Tinha os castanhos bem escuros, os cabelos foram tingidos recentemente de azul com algumas mexas roxas, ela era fã de uma cantora que está fazendo muito sucesso recentemente chamada Demi Lovato da qual ela tem muito orgulho de se referenciar. E por causa disso suas opiniões, o jeito de falar e até mesmo de ser é carregado de muita personalidade, Alison é apenas a Alison, entende?
Ela não faz mal a uma mosca, é sempre gentil, quer dizer, só com quem ela julga merecer e se a deixarem no próprio canto, sendo feliz com ela mesma, nunca mexerá um dedo contra você. Eu a conheço desde que entrei na LHS, ela fora a única a não derrubar minha bandeja do almoço e nós acabamos nos entendendo, ela me defende sempre e eu meio que sou o anjo bom que não a deixa fazer besteiras, nossa amizade é um balanço, se uma sai, o equilíbrio vai junto.
- Tudo bem, eu acho que já esperei o suficiente. - ela começou, me encarando - O que aconteceu com você e a parada do museu?
- Um cara me salvou. - eu contei simplesmente.
- Hummm. - ela disse em um murmúrio malicioso. Eu a empurrei de leve, rindo.
- Cala a boca, eu nem sei quem ele é, talvez nem estude na nossa escola.
- Você já viu ele antes?
- Não... Quer dizer, sei lá, quantos alunos podem ter na LHS?
- Não muitos. Sabe ao menos o nome dele?

Balancei a cabeça negativamente.
- Ele só perguntou se eu tava com frio e ficou lá, do meu lado sem dizer ou fazer nada.
- Estranho. - ela fez careta.
- Pois é. Mas sabe o que é mais estranho?
- O quê?
- Foi que ele agiu como se soubesse o que iria acontecer, como se pretendesse me proteger de tudo e depois sumiu, como se nem tivesse estado ali. - foi minha vez de fazer careta.
- Talvez ele não esteve. - ela deu de ombros e eu concordei - Adivinha quem me convidou pra sair?
- O Joe Jonas? - um ex-namorado da Demi Lovato e o cara que ela sempre rezava pra que a Demi se casasse. Ela suspirou.
- Oh, quem dera, eu aceitaria numa boa se ele já não fosse da Demi. - eu ri.
- Então quem foi?
- O Rick.
- Sério? - sorri, contente.

Seguimos a conversa falando sobre assuntos aleatórios para distrair a tensão pelo ocorrido mais cedo, meu pai chegara em casa pouco depois de eu sair da praia e ele só fez se desculpar por não ter saído cedo do trabalho pra me ver, porque tinha se tranquilizado com as atualizações por telefone feitas pela minha mãe. Revirei os olhos. O senhor Dale nunca largaria seu trabalho, nem se sua filha mais nova estivesse incinerada nesse exato momento, mas não importa, não ligo se ele pensa que sou incapaz de atingir meus objetivos ou coisa parecida, porque é isso o que se dá a entender quando você assiste seu pai dar carinho, atenção e dinheiro apenas para o irmão.
Você acaba se convencendo que seu pai está ali apenas cumprindo o seu dever por lei e que não deseja sua existência tanto quanto outra pessoa qualquer. Não dei ouvidos pras enrolações dele na mesa de jantar e fui pro meu quarto.
Ah, doce e velho refúgio! Meus pais resolveram se mudar para este apartamento em Seatle desde quando eu tinha 9 anos, quando morávamos em Nova York. Demorou um pouco para eu me acostumar, mas lentamente esse pequeno espaço se tornou meu antro, onde eu escapo de todos os infortúnios do dia a dia e me fortaleço com o tempo de que sempre preciso pra mim mesma. As paredes eram de uma cor beje, quase brancas, no chão não havia um carpete e sim pisos de acimentados, pendurados pelos cantos das paredes estavam algumas fotos dos meus vilões e anti heróis preferidos do cinema, como Loki, Elektra, Demolidor, Coringa e outros. Minha cama era normal, quer dizer, os lençóis eram de algodão, meu preferido, as almofadas estavam sempre geladas e macias, aconchegantes. Havia apenas um banheiro, um criado mudo ao lado da cama de solteira, uma cômoda encostada perto da porta para minhas roupas e sapatos e uma janela do outro lado, perto da cama que estava com suas folhas de vidro abertas.
Caminhei até ela e as fechei, puxando as cortinas, dei dois passos pra trás e minhas pernas encontraram a cama. Me deitei, cansada e suspirei, peguei meu notebook dentro de uma das gavetas do criado mudo ao meu lado direito e o liguei. Vi meus e-mails e as notificações das redes sociais, meu mural e o chat do facebook estavam repletos de mensagens do tipo "você nasceu de novo", "que bom que você está bem" ou "por pouco te perdemos". Tudo bem que a maioria eram de parentes e o restante daquelas pessoas nem
sabia de verdade da minha existência, mas eu me senti querida por um momento, como se a minha falta pudesse ser sentida por pelo menos uma pessoa além da minha mãe e da Alison. Vi as fotos do incêndio nas postagens e em várias eu apareci, inclusive em um vídeo curto, de vinte e cinco segundos no qual gravaram a minha turma da LHS escapando do museu antes que ele explodisse pela segunda vez. Eu o assisti, dando o zoom perto de mim no exato momento em que eu saí atrás de meus colegas do lugar, esperando conseguir
mais rastros do meu salvador de olhos claros. Mas eu dei replay até meu dedo doer e não vi nem sinal do cara, era como se ele nem tivesse estado ali, como se tivesse sido tudo fruto da minha imaginação.
Oi, minhas amadas, como vocês estão? Eu ainda não terminei de editar o vídeo, mas tá quase pronto hehehe
Ah, esse capítulo não teve a ação e o mistério dos dois últimos, porém não era pra ter mesmo kkkk é mais pra vocês conhecerem melhor os personagens e terem mais noção do ambiente da história, ok? Beijos
Resposta

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