Capítulo 9

Depois do passeio Logan me deixou em casa, sem tentativa de beijo, sem desrespeito, nada, só... Conversamos. Isso me deixou mais tranquila em relação a ele, quer dizer, a aproximação entre a gente era meio que perigosa e assustadora, algo nele me atraía como imã, mas ao mesmo tempo eu não queria me afastar.
Na escola eu me encontrei com a Alison logo na entrada, quando minha mãe se afastou com o carro pela esquina.
- Você é uma péssima amiga. - ela me acusou, mas seu tom não era realmente sério, o que me levou a acreditar que não estava brava de verdade, então ri levemente.
- O que foi que eu fiz? - começamos a caminhar em direção ao prédio.
- Um passarinho me contou que uma certa amiga minha saiu com um bad boy disfarçado de nerd ontem.

Revirei os olhos e ergui uma sobrancelha.
- Não foi um encontro, tá? Foi só... Um passeio. Ele queria me desejar feliz aniversário.
- E ele fez um bom serviço? - ela me encarou maliciosamente.
- Para, a gente só conversou.
- Só isso?
- Lamento te decepcionar, Ali, mas eu não to querendo namorar ninguém agora. - encontrei meu armário e enfiei lá dentro os livros que só iria usar nas últimas aulas do dia.
- E quem falou em namorar?

Eu a encarei, sorrindo, depois de fechar o armário.
- Nem pense nisso, meu pai iria me matar se soubesse.
- Você tem 17 anos, qual é o problema?
- O problema é que se eu quebrar a imagem de filha perfeita, nem a minha mãe vai poder me ajudar. Não posso dar razão a ele pra me trancar em casa. - ela bufou.
- Entendi.
- Mas e você e seu encontro? - perguntei.
- Ele é um pé no saco, na verdade, desconfio que estava se passando por maluquinho só pra me impressionar, mas não funcionou. - eu ri.
- Você é uma figura.
- Bom dia, garotas.

Alison e eu nos assustamos com a voz grossa de Logan que surgiu repentinamente à nossa frente.
- Ah... - tentei recuperar o fôlego, gaguejando um pouco - Bom dia. - forcei um sorriso - E aí, como você tá?
- Sem formalidades, Ammy, sabemos que você não é disso.
- Hum. - virei para a Ali - Te vejo depois, tá?
- Tudo bem. - ela beijou meu rosto e deu um sorriso rápido ao Logan, saindo. Encarei-o.
- Não entendo você.
- Por quê?
- Uma hora me trata mal, depois tenta se redimir e agora repete o erro?! O que você quer exatamente?

Um sorriso se formou no rosto dele e minha expressão se tornou confusa.
- Bem, pelo que vejo isso tem funcionado com você.

Fechei os olhos, respirando fundo, contendo outra vez a raiva.
- Não foi um encontro. - ele levantou uma sobrancelha, como se o que eu disse causasse grande surpresa nele, mas logo se controlou.
- Mas ainda pode ser, se quiser entender o que são as coisas estranhas que andam acontecendo com você. Como o museu, os sonhos, o fantasma depois do show... - eu arregalei os olhos e meu coração disparou. Minha voz saiu em um sopro.
- Como sabe disso? - ele sorriu outra vez.
- Digamos apenas que esse não é um filme inédito pra mim. - o sinal tocou e ele soltou uma risadinha - Até mais tarde, Ammy.
- Espera! - mas ele não obedeceu.

Não era possível, Logan apenas estivera presente no primeiro evento anormal, mas nos seguintes não havia como ele ter descoberto ou ao menos suspeitado, não havia como ninguém saber. Então... Como? Na aula, eu me curvei para a cadeira de Alison e pedi, sussurrando:
- Descubra tudo o que puder sobre Logan Relmont. - ela levantou uma sobrancelha - Não pergunte, talvez eu esteja louca.

Me encontrei em frente ao notebook, à tarde, martelando o lápis em cima do caderno, com os ombros curvados e os cotovelos sobre a mesinha. A manga de minha blusa tão longa que engolia até metade da minha mão, a luz do notebook me hipnotizando e eu a cada minuto que se passava, mais os pensamentos voavam aleatoriamente por minha cabeça, sem nunca deixar que eu me concentrasse por completo nas questões de física que eram para a nota bimestral. Cocei a nuca, suspirando, isso estava começando a me deixar maluca. Peguei o colar que minha avó me dera entre os dedos. Será que eles tinham algo a ver com tudo que estivera acontecendo? Não podia-se negar que ele era suspeito, depois de eu tê-lo flagrado brilhar após meu estranho sonho. Daí lembrei que a vovó e o Mike trocaram um olhar estranho quando eu o pus no pescoço e esse pensamento me levou à noite em que meu irmão e eu estávamos andando pela praia e como ele reagiu ao saber que eu conhecia Logan.
Isso, Mike sabe de alguma coisa! Levantei da cadeira rapidamente e encontrei minha mãe na cozinha, preparando o jantar.
- Oi, mãe.
- Oi, querida! - ela sorriu - Está com fome? O jantar vai ficar pronto daqui a 10 minutos.
- Não, é que eu precisava falar com o Mike.
- Liga pra ele. - ela disse em tom óbvio, mas o problema não era esse.
- Preciso falar pessoalmente. Sabe quando ele vem aqui de novo?
- Ah, não sei, querida. Mike é um advogado e anda sempre tão ocupado, mas liga mesmo assim, quem sabe ele não arranja um tempinho no próximo final de semana?
- É que é meio urgente.
- Aconteceu alguma coisa? - eu não queria preocupá-la, então pensei um pouco.
- Não... É só um trabalho pra escola que eu tenho que entregar amanhã. - menti e forcei um sorriso - Valeu, mãe!

Voltei pro quarto a passos apressados e agarrei o celular em cima da cama. Procurei o número de Mike na lista telefônica, mas antes que eu pudesse apertar pra chamar o celular tocou e eu logo pensei que era meu irmão ligando coincidentemente pra falar algo, mas o identificador de chamadas avisou que era a Alison.
- Tenho notícias.
- Fala.
- Meu pequeno trabalho de detetive até que rendeu alguma coisa, por mínima que seja.
- Tudo bem.
- Então tá. Primeiro, seu amigo Logan, ou melhor, suspeito, que seja, não tem nada em seu passado.
- Isso é bom, não é? - ela riu.
- Não. O cara não tem ficha criminal, histórico com doenças, tutores, parentes, certidão de nascimento, registro geral, CPF, nada. É como se ele não existisse. - ual, tá, isso é estranho.
- Isso significa que qualquer documento que ele tenha dado para entrar na LHS é falso.
- Exatamente. E tem mais.
- O quê?
- O endereço que ele deu para entrar em nossa digníssima escola é em uma área quase abandonada de Seatle, a residência é histórica, dos fundadores.
- Me manda por sms. - ouvi uns sons de teclado e ruídos.
- Feito.
- Legal. - sorri e peguei meu casaco na cadeira do quarto.
- Agora você vai me dizer o porquê de tudo isso?
- Mais tarde, agora eu tenho um amigo pra visitar.

Revelações estão por vir... kkkk Beijos
Ps: não consegui responder seu comentário, Ale, porque minha internet é uma bosta, mas agradeço daqui mesmo e espero que você tenha gostado! :)