quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Capítulo 1 - Novas terras parecem ter o mesmo aroma de antigas...


- Tá com você!

Senti o leve tapa em meu braço, ri logo em seguida ao ver minha irmã correr de mim, continuando a brincadeira, então eu fui atrás, correndo também. Cabelos esvoaçando, vestidos balançando, risos e a brisa acalentando nossos rostos, formando uma cena linda de se ver. Duas meninas correndo pelo campo.
Eu finalmente consegui alcançar minha irmã e nós caímos no gramado, rindo. Ela se endireitou, sentando-se e me abraçou ao seu lado.
- Sinto tanto a sua falta, Dallas. Aguentar tudo só tem sido muito duro.
- Eu sempre vou estar com você, no seu coração e em sua memória. Mas precisa lutar você mesma por sua felicidade, precisa dar uma segunda chance à nossa mãe, Hale.
- Me desculpa, eu não consigo, tudo o que ela fez ao papai, a mim... – respondi e ela me apertou mais forte.
- Um dia você vai conseguir, você abrirá seu coração novamente e será muito feliz, minha irmãzinha. – ela beijou minha testa e sorriu travessa, se levantando e foi quando percebi que a brincadeira havia recomeçado.

No instante seguinte, não bastou o choque de realidade vindo à tona, percebi que estava com o colchão, lençóis, roupas e todo o resto ensopados. Com o susto, inspirei com violência, o que só me fez tossir, engasgada pela água. Tirei o cabelo do rosto e vi que Dianna segurava um balde vazio que ainda pingava, enquanto sustentava uma expressão dura.
- Qual é o seu problema?! - berrei.
- Chamei você três vezes. Tá atrasada, levanta. – e saiu, do quarto, batendo a porta atrás de si antes que eu pudesse acertá-la com o travesseiro molhado.
- Eu odeio você!

Tenho que confessar que deu muita vontade de pular pela janela do segundo andar só pra não ter que ir à escola, mas era preciso... Então me arrastei para o banheiro. Comparado a tudo o que já fiz, isso não era nada, mas o fato de estarmos falidos em uma cidade nova já é preocupação o suficiente.
Papai sempre fez o melhor por todos que ama, mas até ele cometeu seus erros quando preferiu manter o casamento com aquela mulher...
Escovei os dentes, lavei o rosto, tomei um banho e troquei de roupa. Quando cheguei à sala, papai estava comendo panquecas e Dianna fazia mais em uma frigideira, provavelmente pra ela porque um prato cheio esperava por mim no canto. Me sentei ao lado de Eddie, que me olhou com um misto de curiosidade e surpresa.
- Sem reclamações? Deve ter dormido muito bem.
- Até que tenho. – dei de ombros – Mas se eu reclamar, não vai te impedir de me escoltar, vai?
- Não. – ele concordou, sorrindo e depois comeu outro pedaço de panqueca.

Terminei de tomar café, meu pai também e pegou as chaves do carro enquanto eu pegava a mochila.
- Espera. – Dianna me parou – Passa pra cá. - exigiu.
- O quê?
- Anda, eu sei que você escondeu nos bolsos.
- O que tá acontecendo aqui? – Eddie interveio.
- Sua filha pensa que eu sou idiota o suficiente pra deixar ela ir pra escola com cigarros outra vez. Anda, passa pra cá. - repetiu.
- Idiota talvez não, mas louca de pedra? Com certeza.
- Hale... – Eddie repreendeu – Não piora tudo sem necessidade, me dê os cigarros.

Eu ainda tentei fazer uma cara de indignação, e quando não deu certo, revirei os olhos, entregando a caixa que estava na mochila. Quando os dois se deram por satisfeitos, meu pai e eu caminhamos até a caminhonete na garagem. Demorou uns vinte minutos para chegarmos na instituição. Seria uma escola pública dessa vez, Eddie não tinha mais condições de pagar uma particular e eu também fui expulsa de qualquer jeito.
Olhei pelo vidro na janela do carro. É, sem nenhuma expectativa mesmo. Estava prestes a sair do carro, mas Eddie me parou.
- Pode, por favor, tentar se comportar dessa vez?

Eu ri. – Não prometo nada.
- Hale... – ele repreendeu.
- Que é? Você me conhece e ainda fala isso.

Ele bufou.
- Eu volto pra pegar você às três. – eu assenti e saí do carro, com minha mochila nas costas. Vi o carro dele se afastar.

Mesmo com todos “comportados” direcionando olhares diretos pra mim, provavelmente pelo modo largado como me visto, ainda encontrei olhares travessos ao passar a vista pelo local. É, vai dar pra encarar o terceiro ano.
............................................

Sim, eu ainda uso o nome de algumas pessoinhas familiares. Resolvi que eles se encaixavam bem na história e não quis mudar, porém, algumas características físicas foram mudadas pra que não ficasse exatamente igual. To respondendo comentários, como sempre e muito obrigada por ainda comentar, sério! <3 Até quinta, no mesmo horário ;)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que você achou? :)

 renata massa