domingo, 9 de outubro de 2016

Capítulo 10 - A distância entre você e o paraíso, querida, é dos seus lábios até os meus



Eu tava decidida a falar com a professora Wesley no dia seguinte para que pudesse seguir sem ter aulas, só que isso nem me passou pela cabeça enquanto eu tava na escola. Então, à noite, recebo mensagem pelo Facebook de Joseph:
- Oi.
- Oi.
- Tudo bem com você?
- To bem, sim, e você?
- Sim. Ei, me desculpa, ok? Não quis dizer aquilo de verdade, fui muito grosso com você. Me perdoa?

Olhei a mensagem e fechei os olhos, respirando fundo. Ele só podia estar brincando, eu nem pensei no que responder, só que demorei tempo demais e ele mandou outra:
- Oi, ainda tá aí?
- O que você quer, Joe? Por favor, me dá uma luz, porque até agora não to conseguindo entender nada.
- Eu descontei meus problemas em você, foi o que aconteceu. Depois do baile eu recebi uma notícia... Uma ordem, na verdade. E pensei na hora que devia me afastar de você, não pelos motivos que você pensa, mas porque eu achei que assim não fosse te magoar. Só que acabei fazendo isso de qualquer jeito. Sinto muito.

Pensei por um momento e respondi: - Tudo bem...
- Legal... Queria te convidar pra um encontro de verdade esse fim de semana, não uma aula ou qualquer conveniência. Tem um lugar na cidade pouco conhecido e que queria que você visse. Aceita?

É, tanto faz, pensei.
- Aceito.

Às nove da manhã de domingo Joseph parou seu carro na frente da minha casa. Olhei pela janela do meu quarto e fechei os olhos, dizendo a mim mesma que se tudo piorasse de novo, eu cairia fora no mesmo momento. Desci as escadas, passando por Eddie e Dianna na sala.
- Vou levar o celular porque não sei bem que horas eu volto. – disse apenas, pois já tinha falado que iria sair naquele dia e nenhum dos dois pareceu desaprovar. Claro, os dois adoram Joseph Adams.

A luz do dia, apesar de fraca, me fez piscar várias vezes quando saí. Joseph estava apoiado na porta do carro, usando uma camisa, casaco por cima e calça jeans. Franzi o cenho. Como ele estava tão à vontade num tempo frio desses? Eu mal conseguia ficar com meu moletom preto.
- Não tá com frio? – perguntei, me aproximando.

Ele sorriu.
- Pra onde a gente vai não vamos precisar de roupas de frio e você vai desejar rasgar esse moletom. – avisou e se virou, abrindo a porta do carona pra mim.

Primeiro pensei que a gente ia a algum restaurante, ou à praia faria o feitio do Joe, mas quando o carro tomou rumo por entre a floresta na fronteira da cidade eu comecei a me assustar um pouco, confesso.
- Você pretende fazer um remake do Massacre da serra elétrica na vida real, por um acaso? Pra onde a gente tá indo?
- Confia em mim. – respondeu, rindo do meu medo.

O carro começou a subir por uma das montanhas altas e logo chegou ao fim de uma trilha. Joseph parou em frente a uma caverna que mais parecia um pequeno túnel e naquele lugar as nuvens já não alcançavam mais, então o sol brilhava intensamente no alto. Saímos do carro, eu observei ao redor, intrigada. As nuvens abaixo pareciam uma piscina de algodão cinza que se podia ver até o horizonte, alguns pássaros voavam emergindo e mergulhando enquanto apenas as árvores mais altas tinham o privilégio de seu topo alcançar além. Atrás da gente, o túnel se fazia interessante, mas não tanto quanto a vontade de simplesmente sentar ali e observar, fiquei imaginando como seria ao sol se pôr.
- Isso é lindo... – o sorriso dele era orgulhoso.
- Eu sei, mas ainda não chegamos. – disse e eu me revelei confusa – Vem. – ele pegou minha mão e me levou pra dentro do pequeno túnel.

Ao chegarmos do outro lado, meu coração parou com a visão que encontrei. Era um campo enorme, rodeado por árvores e composto pelas mais diversas flores, cores misturadas, todas convidando a se deitar em cima, como se fosse um grande colchão muito macio, os raios de sol davam um toque especial.
- O sinal de celular não pega aqui, né? – perguntei, me lembrando da promessa que fiz aos meus pais.
- Ninguém vai interromper, isso eu garanto. – ele se sentou, colocando a cesta de piquenique que só agora eu reparei, ao seu lado no chão.
- E os animais por entre as árvores?
- Bem, se algum aparecer hoje vai ser a primeira vez.
- Você vem muito aqui?
- Apenas quando quero ficar só, o que acontece quase todos os dias com a minha família... – a expressão dele se tornou distante de repente, como se tivesse lembrado de algo, e não era simplesmente as coisas que tinha me contado, havia mais ali.

Eu passei a entender que, assim como eu, Joe tinha coisas que ainda não estava pronto pra dizer, nem com pessoas que, mesmo com pouco tempo de convivência, pareciam se conhecer há anos. Então resolvi não perguntar nada, tomei a cesta que ele trouxe pro passeio e verifiquei o que tinha lá dentro: bolinhos, torta, alguns sanduíches e suco. Franzi o cenho, meio desgostosa, pois aquilo tudo era muito meloso pra mim, a cena inteira, a comida era apenas a cereja do bolo. Mas respirei fundo mesmo assim e peguei um dos cupcakes, me aproximei e passei a cobertura no rosto dele, que riu.
Cheguei mais perto, sentando no colo dele com minhas pernas envolvendo seu quadril e ele me observou, ainda sorrindo, as mãos apoiadas no chão e a cabeça pendendo pro lado, dando-lhe um ar curioso. Segurei seu rosto com uma mão e lambi o creme que estava do outro, Joe apenas ficava quieto, mas eu sentia sua respiração nervosa e podia dizer com certeza que seu coração, assim como o meu, também estava acelerado. Era a prova que eu queria sobre os efeitos que meus toques tinham sobre ele.
- O que tá fazendo? – sua voz rouca e baixa perguntou, os lábios próximos aos meus, seus olhos divididos entre observar minha expressão e minha boca.

Não respondi e simplesmente acabei com a maldita distância, as mãos dele foram direto para as minhas costas, me puxando para mais perto. Era fato que tinha atração ali, muita, só que eu não esperava sofrer dos mesmos efeitos que queria causar nele. Era um compartilhamento de sensações, eletricidade emanando, eu quase não entendia como ele podia ser tão carinhoso e mesmo assim me deixar desse modo. Não era apenas algo físico, pela primeira vez eu via minhas emoções contribuindo para um momento como aquele, o que deixava tudo mais intenso.

Eu realmente estava me apaixonando por ele.

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Gente, to sempre respondendo comentários, mas nem sempre vai dar pra disponibilizar o link junto com os capítulos, pq to sempre revisando e programando automaticamente pra nunca deixar de postar, assim, os capítulos às vezes saem antes que eu possa responder. Bjao, até quarta :)

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