domingo, 16 de outubro de 2016

Capítulo 12 - Nunca deixe-me ir



Quando completamos um mês de namoro, Joseph e eu decidimos que era hora de assumirmos isso em público. Claro que chamamos atenção quando aparecemos abraçados na escola, mas quem tava ligando? Era muito bom ter mais tempo de carinhos trocados, fugir juntos dos olhares dos professores e do diretor, só pra poder beijar mais um pouco em um quartinho de limpeza.
- Eca, você gosta de brócolis, eu quero o divórcio. – brinquei, quando vi ele pôr o vegetal com vontade na boca.
- Mas por quê, você não gosta de beijar caras com folhas nos dentes? Que pena.

Eu ri. Ele olhou para o lado, alguém parecia chama-lo.
- Eu vou ali, falar com uma amiga e já volto. – me deu um selinho e saiu levando a bandeja dele vazia.

Fiquei enfiando o restante da pizza na boca, esperando Joseph voltar, só que uns minutos mais tarde Elie surgiu de repente, em pleno pânico no rosto, agarrando meu braço. Quase engasguei.
- Hale, rápido, por favor. Eles pegaram o Joe de novo!
- Elie, calma. Quem pegou Joseph?
- Os caras do Trace!

Corri na mesma hora na direção que ela indicou, sem me importar se estava esbarrando em alguns no caminho. Quando cheguei a cena era no estacionamento da escola, Joe estava jogado no chão, tentando miseravelmente se levantar. Dois caras riam dele, com a mão na boca como se fosse uma grande piada. Minha raiva foi ao limite. Avancei pra cima dos dois, mesmo sem saber brigar, consegui montar em cima das costas de um, usando as unhas pra arrancar a pele do rosto dele, que gritava, tentando me tirar inutilmente, até me pegar pelo tornozelo e me arremessar no chão.
A dor que invadiu minhas costas e cabeça foi alucinante, mas eu resisti, conseguindo levantar mais uma vez, devagar. Só que antes de avançar novamente, o segundo cara me segurou pelos braços, impedindo-me. O cara com o rosto arranhado tinha ódio brilhando nos olhos, se aproximou e segurou meu maxilar. Cuspi nele, que riu.
- Vadiazinha atrevida. – o punho dele veio com tudo no meu rosto. Só vi os respingos de sangue cair no chão. Tudo ficou embaçado por alguns segundos.

Então eu olhei pro lado, por entre as mechas do meu cabelo bagunçado e vi Joseph tirar forças de sabe-se lá de onde pra avançar em cima do idiota que me bateu. Era uma cena inacreditável, ele nem teve como reagir, os golpes eram rápidos demais pra ele acompanhar, tanto que as tentativas de defesa eram inúteis, até que meu agressor caiu, desmaiado.
O cara que me segurava tentou defender o parceiro, mas outra pessoa chegou pra ajudar, um idiota alto de cabelo repicado e olhos verdes. Trace derrubou o segundo agressor e todos que ficaram olhando a cena, foram embora, frustrados porque o showzinho acabou. Joseph veio em minha direção na mesma hora e tocou meu rosto, analisando o ferimento, o que acabou causando um pouco de dor, então eu afastei, reprimindo os lábios e ele retirou a mão.
- Desculpa.
- Você tá bem? - perguntei.
- Não importa.
- Quero pedir desculpas por isso. – Trace disse, chamando nossa atenção para ele – Eu não sabia que eles iam fazer uma coisa dessas, de verdade. Faz meses que eu digo que Hale não é mais minha praia, mas eles insistem nessa merda. São uns idiotas. Vão embora, deixa que eu cuido deles quando acordarem.

Nem eu, nem Joseph protestamos. Nem sequer esperamos que o diretor aparecesse pra resolver tudo. Simplesmente pegamos o carro e fomos embora. Joseph não conseguia andar direito, então tive que ajuda-lo quando chegamos na casa dele. Passamos pelo portão principal, nos identificando pra um cara no interfone e depois na entrada da casa, quando saímos do carro, um mordomo se ofereceu pra carrega-lo, mas eu neguei.
- Por que não me disse que tava me trazendo pra cá?
- Porque eu não queria você falando merda, dizendo que não queria ficar com riquinhos.
- Joe, acho que isso não é uma boa ideia, e se seus pais não gostarem de mim?
- Relaxa, eles nem estão em casa.

Trovões começaram a estourar do lado de fora, relâmpagos invadiam as janelas com seus clarões e logo uma tempestade se formou. Como se isso fosse novidade em Forks. Tivemos que subir um lance de escadas para chegar no corredor que levava ao quarto de Joseph. A casa inteira era decorada em branco com dourado, os degraus eram de mármore. Tudo parecia mais um castelo de conto de fadas.
- Nossa, to me sentindo bem oprimida aqui, confesso. – eu disse quando deixei meu namorado deitar em sua cama. Ele riu, balançando a cabeça, fazendo força pra se sentar.
- Martha! – Joseph chamou e uma senhora de estatura baixa, vestida com um uniforme de serviçal surgiu na porta.
- Sim, senhor Adams?
- Pode trazer uns panos umedecidos e umas aspirinas, por favor?
- Claro, um momento.
- Obrigado.

Quando a mulher se retirou eu dediquei minha atenção a observar ao redor. O quarto de
Joe era imenso, obviamente. A cama dele ficava na mesma posição que a minha, só que era de casal. Em vez de uma janela, ele tinha uma parede inteira de vidro, com portas corredeiras que davam pra uma sacada com vista espetacular da cidade. Havia um criado mudo ao lado da cama, um guarda roupa preto e branco atrás de mim, umas poltronas espalhadas, uma mesa de estudos com todo o equipamento que se tem direito, uma porta que eu podia apostar que era o banheiro e pôsteres de quadrinhos espalhados por todos os lados nas paredes. Eu ri.
- Nerd. – acusei. Ele riu.

A moça voltou com o que Joseph havia pedido e deixou no criado mudo.
- Mais alguma coisa, senhor?
- Não, Martha, muito obrigado, pode se retirar. Feche a porta quando sair, por favor. – ela assentiu e obedeceu.
Eu me sentei ao lado dele na cama, assistindo-o tirar o casaco e a camiseta devagar, revelado vários hematomas enormes, arranhões e outras feridas pelo peitoral. Mas também um abdômen muito bem definido.
- Nossa... – eu disse, mal contendo meu suspiro de aprovação.
- Você pode...? – ele pediu, se referindo aos lenços e eu assenti, acordando. Peguei alguns e comecei a passar devagar pelos cortes, limpando e estancando o sangue.

Ele me parou na mesma hora.
- Eu falei de você. – tomou o lenço da minha mão, dobrou para usar um lado limpo e começou a limpar o sangue em meus lábios e rosto devagar. Fiquei analisando ele, calada.

Abaixei as mãos dele e me aproximei, tomando cuidado com os hematomas e o beijei, lenta, nem ligando mais pra minha boca, e ele correspondeu como pôde, ainda apoiado na parede, ainda assim segurando meu rosto.
Nem ouvia mais a chuva lá fora, só conseguia pensar no que estava acontecendo ali dentro, nós dois, um defendendo o outro, cuidando, cúmplices, parceiros. Tudo o que eu sempre quis e um pouco mais.
- Mas o que significa isso?! – o momento foi quebrado com o som estridente de uma senhora enfurecida que surgiu da porta. Imediatamente me afastei e levantei da cama, ficando de frente para ela – Joseph, quem é essa moça?
- Sou Halery Dale, senhora, muito prazer.
- Não falei com você, senhorita. Me diga, Joseph, que palhaçada é essa de ficar aos beijos com essa garota estando noivo?! E que marcas são essas? Em que lugares errados essa garota te levou?

O quê?
- Noivo? – repeti, virando-me para Joe.
- Mãe, por favor, dá pra voltar depois?
- Não vou deixar você sozinho com essa garota imunda. A família da sua noiva é muito refinada e eles não vão gostar nada de descobrir que você a trouxe pra cá. Mande-a embora, nunca mais a veja e eu esqueço que isso aconteceu.
- Hale, eu...
- Parou por aí, Joe. – eu disse – Eu já vou embora. Com licença. – passei pela senhora, sentindo o olhar vitorioso dela sobre mim e saí do quarto, passando pelo corredor. Desci as escadas e corri pra fora da casa, mesmo com a chuva, ouvindo o mordomo gritar pra que eu ficasse por causa da tempestade, mas é claro que não obedeci.

Mais uma vez feita de idiota. Sentia uma raiva tão grande no peito, doía tanto que eu nem controlava a respiração. Poucas vezes senti algo tão profundo me rasgar assim. Queria quebrar tudo, esmurrar, até que minha fúria acabasse e eu desmanchasse em lágrimas.
Lágrimas.
Elas nem podiam ser vistas agora pela água da chuva. Me sentia uma garotinha tola. Que ódio!
- Hale! – a voz de Joe soou fraca mais atrás de mim, ainda na estrada no campo ao redor da casa. 

Virei-me e ele estava lá, molhado, sem camisa e andando com bastante dificuldade, mancando com a mão esquerda segurando a perna, mas claramente fazendo o máximo pra chegar rápido – Hale, por favor, espera!
- Por que não me disse que estava noivo? – gritei de volta, sem me aproximar.
- Eu descobri no dia seguinte ao baile. Não queria magoar você, os pais dela são ricos e meus pais querem me obrigar por ainda ser menor de idade. Tentei me afastar, mas não consegui. – ele finalmente chegou até mim, o hálito frio da chuva contra meu rosto, respiração ofegante, expressão aflita e lábios tremendo – Não conseguiria. Quero acabar com isso assim que fizer 18.
- Joseph, olha... Eu sou suburbana, meus pais estão tentando se manter numa corda bamba, tenho problemas até às pontas do cabelo, fiz mais merdas do que posso contar. É claro que sou a pior opção pra você, talvez seja melhor a gente... Acabar por aqui.
- Não, não, não. Por favor, não! – ele segurou meu rosto entre as mãos, ficando mais próximo – Você é a melhor coisa que já me aconteceu! – então me beijou, os lábios frios quase devorando os meus, em pleno desespero.

Joseph me abraçou em seguida, seu rosto afundando em meu pescoço molhado. Ainda chovia e nós dois muito provavelmente pegaríamos uma gripe séria, mas e daí?

Só que, envolvendo-o fortemente em meus braços eu vi, por cima de seu ombro, no andar de cima da casa, a mãe de Joseph nos observando com um olhar nada satisfeito.

2 comentários:

  1. Ahhh odeio essa tia, que mulher chata da porra hfjdhd
    Foi mal a expressão, é que ela realmente me irritou.
    E o Trace sendo... Legal? Tá, pros padrões dele isso é legal.
    Posta logo, beijos!

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    Respostas
    1. kkkk tá tudo bem, muier, pode xingar
      Trace é louco da silva, mas é tipo a Hale, no fundo tem um coração mole

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 renata massa