quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Capítulo 13 - Coisas ruins acontecem com pessoas boas



Revirei os canais atrás de qualquer coisa que servisse pra entreter naquele momento. Eram sete da noite e meus pais não estavam em casa, queriam sair um pouco sozinhos e me deixaram só, dizendo que eu tinha conseguido um voto de confiança. Fiquei bem feliz com isso, confesso. Estava feliz com quase tudo na vida, ultimamente, para dizer a verdade. Estava apaixonada, tava concertando aos poucos as coisas com os meus pais, as notas estavam boas e tinha até alguma ambição com a fotografia.
Só uma coisa ainda me deixava inquieta, e era o noivado de Joseph. Ele dissera que assim que completasse 18, largaria tudo pra viver sozinho, longe das ordens dos pais e da maneira que desejava. Mas isso não me garantia que a garota não gostava dele e se eu conseguiria mesmo namorar um cara comprometido com outra.
Como se respondendo aos meus pensamentos, soaram três batidas rápidas na porta. Deixei minha vasilha com biscoitos em cima do sofá e levantei-me para atender. Me encarando com puro nojo, usando um casaco de pele e ostentando joias, estava a mãe de Joseph parada à minha porta.
- Boa noite, Senhorita Dale.
- O que faz aqui, senhora Adams?
- Vim discutir com a senhorita sobre meu filho. – revirei os olhos. Já desconfiava.
- Não tenho nada pra falar com a senhora sobre o Joseph. Sei que a senhora não aprova o nosso relacionamento, mas tá pra nascer um riquinho que mande em minhas decisões, então eu sugiro que a senhora dê meia volta para a floresta de onde saiu.

A mulher espumava pelos olhos. Tinha a mesma estatura que eu, mas com certeza me via de cima pra baixo. No fim esboçou um sorriso que conseguiu gelar minha nuca.
- Pode ter certeza de que o assunto que tenho para tratar é de seu interesse.

Respirei fundo: - Então fala.
- Já deve ter ficado claro que eu não aprovo seu relacionamento com Joseph.
- Como água. - concordei.
- Pois bem. Não é por você, é que sua classe, sua família não são adequados para socializar com alguém do nível de Joe. Então entenda, não é pessoal, mas isto deve acabar. E acabar agora!
- Você ofende a mim, à minha família e diz que não é pessoal?! Só pode tá brincando, né? Não vou terminar com Joseph, ponto final.
- Ora essa, vocês são só crianças. O que sabem do que é certo ou errado?
- Eu o amo. – disse, interrompendo-a, que me encarou, muda. Chegou mais perto e pôs o dedo próximo ao meu nariz.
- Você vai terminar esse namorico com meu filho, se não quiser que eu exponha sua mãe como a viciada que ela é, e seu pai como o grande ladrão mentiroso que levou toda uma empresa à miséria.

Meu coração foi à boca.
- Não sei do que tá falando. – disse, mal contendo a tremedeira na voz.
- Ora, vamos. Sua mãe se viciou completamente depois que sua querida irmãzinha morreu, e seu pai, desesperado, desviou milhares de dólares da empresa pra conseguir ajudar a esposa e manter a casa. Pensa só em como essa história vai ficar na boca de todos aqui. – ela tocou o próprio queixo, com um ar pensativo, enquanto minha temperatura corporal caía ainda mais e eu engolia em seco – Seu pobre pai nunca mais conseguiria emprego em um bar sequer, nem mesmo como faxineiro. E sua mãe? – riu, debochada – Nunca mais poderia sair pela rua sem ser condenada.
- Não pode fazer isso. – soprei.
- Não só posso, como vou. Tenho bastante influência, muitos contatos e provas sobre cada palavra que acabei de dizer. Agora escute bem o que digo: vai parar de ver meu filho, acabar com qualquer contato que tiver com ele amanhã mesmo. Ou a vida tranquila que seus pais conseguiram aqui será uma vaga lembrança.

Ela ajeitou seu casaco e entrou no carro com o motorista que a esperava e foi embora. Fechei a porta, fechando os olhos e apoiando a testa na mão que ainda segurava a madeira. Merda! Esmurrei a porta, querendo que fosse fácil de quebrar.
Claro que eu não fui pra escola, evitando briga antes do momento, Joseph já desconfiou por eu ter parado de responder as mensagens dele ontem à noite, não queria dar motivos antes da hora. Mas fiquei esperando perto do carro dele no estacionamento quando as aulas acabaram. Não ia contar sobre a mãe, por mais que ele a conhecesse, não queria que passasse pela experiência de odiá-la, como fiz com a minha, fora que, se eu dissesse, teria de falar também a história dos meus pais, já foi constrangedor revelar meus segredos a ele tempos atrás, não queria voltar nesse assunto dessa forma. Não ia fazer isso.
Vendo ele se aproximar, com um sorriso no rosto, a coragem que juntei a noite inteira e essa manhã foi embora num segundo e eu engoli em seco.
- Hey! – me deu um selinho e abriu a porta do carro – Não veio pra escola hoje, aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu. – respondi, mas ele tava colocando a mochila no carro, então, pra chamar sua atenção eu disse tudo de uma vez, tomando fôlego – Joseph, eu quero terminar com você.

Ele me encarou, como se não tivesse escutado direito.

- O quê?!

2 comentários:

  1. AI QUE VAGABUNDA
    Que ódio dessa mulher cara!
    Na real, a Hale devia ter falado pra ele sobre o que ela fez, isso vai dar uma merda...
    Posta logo, beijos!

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    Respostas
    1. Eu sei, talvez até seria mais fácil, mas então outras coisas que eu não vou dizer nunca aconteceriam... kkk ;)

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 renata massa