domingo, 6 de novembro de 2016

Capítulo 18 - Não há cura pra um corte profundo


Halery narrando:

- Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, é só nos falar e nós voltaremos na mesma hora. – tio Jeremy disse, apertando as mãos do meu pai. Eles estavam prestes a pegar suas malas e partirem para o próximo destino.
- Lamento que não possam vir conosco para o funeral.

Tia Loren sorriu.
- Sinto muito, Eddie, mas, além desses ambientes tristes não serem muito do nosso agrado, temos trabalho a fazer e pouco tempo. Mas Hale, - seu rosto adquiriu ternura quando me analisou – eu prometi e vou cumprir, amanhã mesmo vou enviar seu álbum para minha amiga em Londres, junto com o seu e-mail, assim ela responderá direto a você, tá bom?
- Muito obrigada, tia.
- Não querem mesmo que eu leve vocês até o aeroporto? – papai perguntou outra vez.
- Certeza absoluta, vocês precisam descansar. Foi um prazer imenso revê-los, mesmo com as circunstâncias. Até a próxima.

E com essa frase eles pegaram o restante de suas malas e entraram no táxi, que partiu logo em seguida.
Temi olhar para Eddie e encarar a solidão que o invadia. Ouvi seus passos adentrarem a casa devagar e fui atrás. Seus movimentos eram lentos, parecia que ele carregava um grande peso sobre os ombros e talvez até o fizesse, mas isso não poderia ser visto. Ele olhou ao redor, passando os dedos pelas paredes de madeira que continham vários retratos de Dianna, com parentes, filhas, marido. Eddie tocava como se tivesse medo de quebrar as molduras, seus lábios tremendo.
Meu pai sempre fora um homem alegre, firme, mesmo com todos os cabelos grisalhos, mas agora, de repente, tinha 20 anos a mais, como alguém que perdera completamente a razão de viver, de respirar. Não me permitia interromper esse momento, esse homem moveu céus e terra por aquela mulher, foi o amor mais forte e puro que eu vira, tão intenso que eu não entendi por muito tempo, julgando-o idiota, mas agora...

Ele enfim desabou em lágrimas no chão, soluçando copiosamente. Lágrimas pesadas desceram por meu rosto também. Sentei-me ao seu lado, desejando absorver toda a sua dor, e como não podia, apenas o dividi com ele, por muito, muito tempo.

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